segunda-feira, 11 de julho de 2011

Maria

Diba, ele disse. Ela quis saber, por que Diba? Ele explicou e ela fingiu que entendeu, mas gostou mesmo sem entender. Era o novo nome dela, que agora era só dele. E ele só dela, o menino dela. Riu, ele percebeu, e as covinhas, são só minhas as covinhas também? Ela disse que sim, covinhas, sorrisos, cabelo caindo no olho, tatuagem na nuca, é tudo só seu, pode usar quanto quiser. Ele riu, aqueles olhos verdes fracos, e ela entendeu no olhar que pesava isso de ser só do outro. Sentiu de leve, bem de leve, o peso que não sentia há quanto tempo, dois, três, quatro anos? Ou mais. Riu, riso amarelo já, e repetiu, virei Diba. Virei dele, virei de alguém. Virei a pessoa que faz outra pessoa chorar, rir, acordar, dormir. Virei o motivo do grito quando a paixão vira raiva, virei o telefone desligado na cara, virei o gosto repetido de cigarro na boca, virei a lágrima no canto do olho, o sexo bêbado burocrático. Virei o tédio, a prisão, o ciúme idiota, e qual não é?, virei a dor de cabeça, o beijo na testa, o abraço triste de quando o calor não existe mais e vai se esfriando tudo. Virei a ressaca, a segunda-feira, a neosaldina. A cerveja quente, o resto do chope, é isso, eu sou o chope que fica no resto da taça, pensou, que a gente bebe só por obrigação.

Diba, ele disse, apaga a luz?
Não me chama assim, ela respondeu, que meu nome é Maria.

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