quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O amor precisa de sorte

Tô precisando de um amor recíproco. Tô precisando de sorte. De querer as pessoas certas, de ficar com a parte boa da paixão, de ser feliz e não só intensa. Tô precisando voltar a acreditar nas pessoas. Tô precisando me entregar sem medo, precisando amar mais e brigar menos, tô precisando entender. Entender as pessoas às vezes dá certo, sabia? Tô precisando ser entendida também, precisando de cafuné, de olho no olho, de massagem no pé. Tô precisando de alguém que saiba que eu espirro sempre duas vezes seguidas, e não uma, nem três. Que saiba o tamanho do meu pé, a minha loja preferida, o nome das minhas gatas. Tô precisando de alguém que saiba meu telefone de cabeça, sabe?

Tô precisando de um amor recíproco. De alguém que diga que vá me ligar e eu tenha certeza, absoluta, de que sim, ele vai ligar. Tô precisando de alguém que saiba o que eu quero dizer, mesmo sem eu dizer, de alguém que escute minha música preferida e lembre de mim, de alguém que me ligue pra contar como foi o dia. Tô precisando, sabe? De alguém que me leve comida na cama, que cuide de mim quando a bebedeira bater forte, que me faça rir. Porque no fundo, lá no fundo, o amor recíproco é só isso, alguém que te faça rir. É só isso que eu preciso, mais nada.

Pode ser você?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Tempo, tempo, tempo, tempo

Olhou, olhou, olhou. Já tinha olhado tantas vezes naqueles 40 minutos e mesmo assim não se convenceu. Testou o sinal, testou a altura da campainha. Ligou pra amiga, conversaram sobre amenidades, acendeu um cigarro. Olhou, olhou, olhou. Mais quarenta minutos, o mesmo visor preto, sem sinal de resposta. A luz acende, mensagem da operadora. O telefone toca, ligação do chefe. Olhou, olhou, olhou. A amiga que tinha falado de amenidades resolve ligar de novo. O coração se apressa. À toa.

Mais 40 minutos e ela quase desiste. Não pode ser em tão pouco tempo que a gente surta. Outro cigarro, água, café, esquenta o pão. Olhou o relógio, olhou o visor, outra vez. Olhou, olhou, olhou. Silêncio maldito de dentro, que não passa, que não anda. Dá até pra escutar o coração quase.

E aí, então, ele toca. Ela atende, fingindo pouca pressa. É a voz certa. O sorriso deixa de caber na cara. Valeu cada minuto da espera.