terça-feira, 5 de julho de 2011

Catarse

Comecei a ler um livro que me lembrou de você, daquela sua mania chata de não ler autores novos, porque não tinha lido tudo de Tolstói ou Dostoiévski. Aí me lembrei daquele livro que você mandou trazer de não sei onde, com a dedicatória que achei outro dia e me fez chorar, embora fosse feliz e falasse de uma coisa que acho que não acredito mais, de fins e recomeços e da roleta russa que é voltar a acreditar no amor. Desculpa roubar essa sua frase, mas é que eu acho lindo e prolixo tudo que você escreve, até nas informalidades você é formal, apesar de todo aquele teu fogo apaixonante, de toda a tua pressa, sempre tem um "por favor" antes de se dirigir a alguém, mesmo que seja o frentista do posto de gasolina; por favor, obrigado e desculpas, você nunca teve medo de pedir desculpas, nem quando achava que estava certo, e quase sempre você achava, mas sempre se desculpava talvez por educação ou pra alcalmar a minha insegurança. A verdade é que eu só não te desculpei daquela vez, eu juro mesmo que eu tentei, mas eu sabia que nunca mais poderia te amar do jeito que eu sonhava, daquele jeito idealizado de melhor amigo, daquele jeito cúmplice de se olhar e se achar no outro. Depois daquela vez eu não podia mais te amar assim, então não havia o que desculpar, porque o você que eu queria tinha morrido de vez, só sobrou aquele amor que está aí até hoje, que se manifesta nas pessoas que eu amo pra reencontrar você, aquele amor que me arranca lágrimas no meio do almoço, lendo um livro que não é de Dostoiévski, mas que me faz lembrar de você.

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