quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Tempo, tempo, tempo, tempo

Olhou, olhou, olhou. Já tinha olhado tantas vezes naqueles 40 minutos e mesmo assim não se convenceu. Testou o sinal, testou a altura da campainha. Ligou pra amiga, conversaram sobre amenidades, acendeu um cigarro. Olhou, olhou, olhou. Mais quarenta minutos, o mesmo visor preto, sem sinal de resposta. A luz acende, mensagem da operadora. O telefone toca, ligação do chefe. Olhou, olhou, olhou. A amiga que tinha falado de amenidades resolve ligar de novo. O coração se apressa. À toa.

Mais 40 minutos e ela quase desiste. Não pode ser em tão pouco tempo que a gente surta. Outro cigarro, água, café, esquenta o pão. Olhou o relógio, olhou o visor, outra vez. Olhou, olhou, olhou. Silêncio maldito de dentro, que não passa, que não anda. Dá até pra escutar o coração quase.

E aí, então, ele toca. Ela atende, fingindo pouca pressa. É a voz certa. O sorriso deixa de caber na cara. Valeu cada minuto da espera. 

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