Começou e apagou aquelas linhas tantas vezes que parecia até que não sabia o que dizer. Logo ela que inventava tantos diálogos, que escrevia tantas linhas, sérias ou de conversa fiada, logo ela que adorava a dissertação, a confrontação, a discussão. Logo ela que tinha tanto a dizer, não sabia o que dizer. Na verdade não é que não soubesse, ela sabia exatamente o que dizer a ele. E sabia exatamente o que ele deveria dizer a ela.
Mas, e se ele não dissesse? E se todas aquelas linhas não-ditas fossem mesmo não-ditas, se todas aquelas entrelinhas nunca tivessem passado de apenas isso, de entrelinhas, e se tudo não passasse de um devaneio, inventado, criado, repetido e repetido e repetido, até se tornar uma verdade mentirosa?
Ela não queria, ou não aguentaria, ou não suportaria saber a resposta errada. E preferia fingir que não tinha nada a dizer. E escrevia e apagava as linhas, e inventava tantos diálogos, tantas palavras, dissertava e confrontava e discutia. Postergando uma resposta que não saberia mais esperar, mas que continuava intocada. Adiando um não.
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