segunda-feira, 7 de abril de 2008

Paula

Ela nunca gostou muito de mãos muito coladas, sempre foi aquela que deixava a mão frouxa no dar-as-mãos. Tampouco era das que dormia de conchinha. Não era confortável, não fazia questão. Sempre gostou da cama toda só pra ela, egoísta que era. Não era de carinhos, mas era de palavras e brigava e amava com palavras todo o tempo. Não gostava de sinais, preferia ouvir do que gestos.

Mas ele nunca foi de palavras, só de olhares, dizeres sem serem ditos. Não se revelava pela boca. E, provavelmente por isso, foi no toque que eles se entenderam. O dormir junto fez sentido desde o primeiro dia, e foi tão óbvio, tão complementar, que ela não queria mais cama vazia. O corpo de um terminava no do outro, a respiração dos dois se confundia à noite. Sem um invandir o espaço do outro. As mãos se procuravam mesmo longe.

"Uma profunda intimidade estabelecida desde o começo, como se durante nossa vida inteira nos tivéssemos preparado para esse encontro, e da facilidade, calma e confiança com que nos amamos, como um casal que compartilhou mil e uma noites". Mas mesmo as mil e uma noites acabam. E um dia a cama vazia passou a ser grande demais.

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