Sei lá porque, mas me deu raiva de você, raiva de tanto afeto, de tanta expectativa, de tanta espera inútil. Deu raiva de ter anotado seu telefone, de ter te ligado na semana seguinte, de ter te comprado flores no nosso aniversário de um mês, de ter chorado na primeira vez que você me disse eu te amo. Sei lá, me deu raiva de você ter sido tão importante na minha vida, de eu ter deixado você entrar assim, como se não doesse esse negócio de se apaixonar, como se fosse só coisa boa, só café da manhã na cama e massagem no ombro. Sei lá porque, mas me deu raiva de ter te traído um ano depois, de ter me envolvido com tanta gente sem importância, de ter deixado você me perdoar por tantas vezes. Me deu raiva desse teu sorriso indulgente, dessa tua mania de me amar mesmo sem eu merecer, dessa tua esperança ingênua de fazer a gente dar certo, mesmo sabendo que não. Eu sei lá porque, mas acho que tenho raiva mesmo de você, desse teu querer desesperado que me entende sempre que eu chego em casa e invento uma desculpa qualquer pelo porre, dessa tua compreensão, desse teu olhar infeliz ao meu lado. Sei lá porque, mas me deu raiva da nossa casa que cheira a cigarro e a cerveja, mas não aquele cheiro de festa, só de ressaca. Sei lá, me deu raiva da nossas tentativas frustadas de tentar mais uma vez, e outra e outra, dessa insistência insana e louca, dessa dependência maluca, de um amor que não tem mais cheiro, nem gosto, nem nada.
Sei lá porque, mas me deu uma raiva enorme de você. Mentira, eu sei porque. É que eu te olho no olho e só vejo a mim mesmo.
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